Coração puro

O que é Deus? Onde está Deus? Perguntas que não se calam nas mentes através do tempo. Se pensarmos que Deus é tudo o que existe, uma mente infinita, eterna, fonte inesgotável, ainda incompreensível para nosso entendimento. Assim como um sistema, um programa infinito e perfeito cujo fundamento é o Amor.

Se Deus é tudo, pode-se observá-lo através de Sua criação: ´’é pelos frutos que se conhece a árvore”. O que é criado pela humanidade, também é Deus porque toda a matéria prima, inclusive nós, somos criados a partir da mesma fonte.

Por que, então, O buscamos, O procuramos tanto? E até brigamos numa discussão inútil quando não há concordância sobre o que um vê e o outro não vê? É natural que ainda seja assim, no estágio evolutivo em que nos encontramos. Mas, podemos simplesmente parar de lutar por isso e apenas sentir.

Se fizermos uma brincadeira de observar e procurar Deus em tudo, desde a natureza até uma mesa, uma colher, um edifício, podemos ver que há Amor em tudo. Há Amor naquilo que foi um dia idealizado na mente, foi construído e criou “vida” para existir. Daí, nessa observação, nos deparamos também com a dor! A guerra, a fome, e vamos perguntar: Ah, mas Deus também é isto? É neste momento que parece que a “fórmula” vai falhar, a equação não vai fechar. Mas, observando melhor, ali na dor, na miséria, na luta, tem um componente em dose aumentada: o medo. Muito, muito medo. O medo gera o egoísmo. E falta, falta Amor. A distribuição é que está falhando. Deus é tudo, está em tudo, depende de como olhamos e enxergamos.

“Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz.” – nos diz nosso Mestre Jesus. Observamos tudo de acordo com a nossa bagagem interior, nossa emoção e nosso julgamento. E também “A boca fala do que o coração está cheio”, ou seja, o que expressamos é o que temos dentro de nós.

“Bem-aventurados os puros de coração porque verão Deus!” Puros de coração, o que isso representa? Pureza é ligada à simplicidade. Simples pode ser também descomplicado, sem implicações, sem segundas intenções, com clareza e por aí vai. Se os olhos que observam forem bons, puros, simples, humildes, já estão enxergando Deus em tudo, vivenciando essa beleza, perfeição, bondade, justiça, nobreza de alma. O mundo é um reflexo do que temos dentro de nós. A caminho da evolução, vamos rumo à “porta estreita” que nos diz o Mestre porque vamos nos despindo de vaidade e orgulho, vamos reduzindo a bagagem excessiva do medo, vergonha, culpa e mágoa, vamos lapidando o espírito e nos reduzindo, reduzindo… até que nosso perispírito não exista mais, e nossa centelha divina, apurada, brilhe intensamente, passando pela porta minúscula, portal último para chegarmos à morada dos iluminados espíritos que já fizeram toda essa trajetória antes de nós. Não é à toa que Jesus nos diz: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. O Mestre nos dá o mapa.

Denise Patti Vitiello
Voluntária do Grupo Socorrista São Paulo